É um filme do russo Aleksei Fedorchenko de 2010. Contemplativo como um poema. Bela fotografia. É sobre a cultura Merja, antiga tribo do centro-oeste da Rússia que vivia às margens do Lago Nero. Uma cultura que agoniza. Almas silenciosas.
Quando uma mulher morre, o marido convida um amigo para os rituais fúnebres. Eles a limpam e a enfeitam com fios coloridos espalhados pelo corpo. Como a noiva, que são enfeitadas com estes fios presos nos pelos pubianos. Depois, fazem um armado de madeira, queimam o corpo e jogam as cinzas no rio. No trajeto funerário, o marido “esfumaça”: conta histórias da morta que não contaria quando viva. “Esfumaçar”. Contar segredos.
A água é sagrada para este povo. Morrer afogado é a melhor morte. Mas, eles não se afogam por querer: “é indelicado querer entrar nos céus antes dos outros”.
O narrador era filho de um poeta. Sua grande lição: “Quando a alma estiver doendo muito, escreva sobre o que vê ao redor”.
Léo