o eu fluindo em todas as coisas o nós fluindo no eu mesmo que o coletivo esteja difícil em tempos tão bicudos isso também se soma e eu em você você em mim eu me perdendo... ganhando Léo
Categoria: Lampejos
“Da luz que não chegou a ser lampejo…” Augusto dos Anjos.
Matinhos
o mar "como um lençol estendido" redes esquecidas lembrando o crespo das ondas surfistas devorando ondas peixes devorados pelos pássaros urubus em prontidão batalha em pleno voo pelos restos mortais garças coalhando os telhados esperando... areia deslizada pelo vento ampulheta barcos de pescadores com nome de mulheres e duas casinhas de madeira com uma placa pomposa: área militar perigo de morte (não é que fiz um poema fui colhendo...) Léo
Humano
humano em vida artificial robô que pensa - criatura do humano - inteligência artificial vida dividida em mecânica e in natura humano como clone de si mesmo de autônomo a autômato tanta coisa para dizer que só o silêncio para dar conta Léo
Velhice
de novo
caminho desenhado
pelo senso comum
que não gosto
indomável,
jogo com gosto
sementes
e vou brincando com o tempo
Léo
Camadas
quantas camadas há em mim? árvore no inverno sem folhas cerejeira em flor, no pensamento profundidade do mar numa poça d'água pele ressecada, olhos úmidos e coração pulsando... Léo
Intervalo
dado que não se sabe de onde viemos e para onde vamos vivemos no intervalo das interrogações e assim fabulamos vida finita numa dialética com o infinito é no intervalo da incerteza que se faz nossa vida! Léo
assim
gosto de mim assim desajeitada que qualquer poema pode me dar asas ou sucumbir assim Léo
Tropeço
tropeço em pensamentos povos originários que cantam porque plantam que cantam porque colhem cantam e dançam porque pertencem ao cosmos que comem seus inimigos em sinal de respeito lapso de tempo como comer um médico que deveria transportar a cura e é o portador do veneno? como devorar uma sociedade que transforma o professor - "transformador do futuro" - em puxador de riquixás? lapso de tempo Julião da Ligas Camponesas conclamando o tremular das enxadas símbolo do trabalho e como arma como a foice e o martelo Léo
derrame
pedaços, fragmentos, cacos a ponta do iceberg manchete sem ler a notícia tempos modernos para quê perder tempo em anos de estudo, se a dancinha no TikTok é mais garantia? e a fome pulsando em meio à obesidade verdades ditadas em minutos de autoajuda as palavras, sequestradas e o menino continua se virando nos sinais Léo
capital
há um deus sim tentando abarcar todos os rincões da Terra com sua lógica mercantil um deus que sonha com sua extensão ao Universo onipotente, onisciente, onipresente, transforma tudo e todos em marionetes negociantes, seus discípulos ora chamado de mercadoria, dinheiro destino acumular é seu verbo infinito transveste-se de ciência, arte, religião fluindo pelas igrejas e templos apresenta-se como essencial, fundamental sempre foi e sempre será seu grande truque é alegar eternidade e nós "apenas imagens inúteis" de criatura, criador se, se corta sua cabeça mas esquece-se do coração, brota de novo há um deus sim, e, contrariando o imposto, morte ao que nos mata! Léo