Cartas de longe – segunda

Tenho pensado sobre meus escritos, poemas, contos. Percebi que sou ingênua e pueril. Como se falasse de um mundo antigo, distante, mítico até. Sem lugar neste mundo doente. Escrever, publicar, ler os comentários, faz a gente se conhecer melhor. Escrever é uma entrega. Entrega no ato da escrita. Entrega ao leitor. Assim a gente vai se revelando para si mesma e para o outro. O inconsciente. Consciência. Fantasia. Sonhos. Lapidação do pensamento.

Já desconfiava de uma certa ingenuidade. Muitas vezes nem compreendia como consegui sobreviver. Com a escrita esta minha faceta se revelou inteira. Fiquei até assustada.

Mas, e se… uma moça lendo Antônia reparasse no moço do canto da fábrica, da festa? E se a mulher de Telemarketing se cansasse da voz ao telefone e o convidasse para dançar? E se outra grafiteira inspirada em Clara ajudasse a organizar seu bairro contra os políticos corruptos? E se Danilo fizesse outros tomarem a história pela mão? Ou se de repente uma multidão olhasse de frente os detentores do poder e gritasse seu verdadeiro nome Assassinos!? Se Miguel provocasse os homens ao perceberem a perversão do machismo? E se André e Débora despertassem amores diversos? E João, cansado de sua vida medíocre banhada em números, corresse para os braços de Marina?

Pensei: se são “tempos difíceis para os sonhares” (do filme Amélie Poulain), por que não ser ingênua e pueril?

Léo

13 comentários em “Cartas de longe – segunda

  1. Sejamos ingênuos e pueris minha cara amiga… E se a escritora Léo Campos não tivesse postado esta Lapidação do pensamento, eu não estaria aqui marcando ponto logo cedo tomando um saboroso café (porque ler maravilhas tomando café é algo indescritível). Adorei. Que seu dia seja tão iluminado quanto seu texto! Beijo no coração

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  2. As vezes o que precisamos é de um pequeno empurrãozinho. Todos temos dentro de nós uma Antônia, uma Clara, um Miguel e agora temos também uma voz que conversa com cada um deles. Escreva, inspire. Na sua busca do ‘eu’ nós nos descobrimos juntos.

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  3. Nos poemas podemos tudo! Até o imaginável…nosdos sonhos são pequenos diante de nossos desejos…
    Que seus sonhos nunca deixem de existir, é mais que necessário, é o alimento que nos fortalece e nos faz caminhar nesse caminho incerto que é a vida!!!
    Continue sempre! Vc nos desperta! Obrigada! 😍😘

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